terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Filme: Espelho D`água

Espelho D`água é uma viagem ao Rio São Francisco, rio este que atravessa cinco estados brasileiro, é riquíssimo na sua cultura e proporciona uma reflexão sobre a realidade de lavadeiras, barqueiros, pescadores, defensores da natureza e de outros grupos que vivem nas cidades ribeirinhas.

O fotografo Henrique apresenta uma forma de linguagem que é a fotografia para perpassar ao mundo toda a beleza e a cultura da cidade, porém, Candelário escolhe uma outra forma de linguagem que é a falada para tentar sensibilizar a comunidade em relação ao desgaste que o espelho d`água (rio), vem sofrendo com o passar dos anos. Em sua militância ele procura mostrar à população que este santuário cultural apesar de carregar na sua história uma imensa riqueza, está desaparecendo. Não é de se espantar quando Candelário aparece morto, pois é uma das formas de linguagem usada pelos “poderosos”, quando alguém de coragem fala o que não deve acaba incomodando os donos do poder e este é covardemente assassinado.

O filme é riquíssimo, trás diversos aspectos para serem analisados e trás também vários tipos de linguagem. Abel faz a representação de um homem que conversa com Sindó, companheira inseparável, uma canoa que lhe foi presenteada ainda na infância e que por sua vez também fez uma reflexão sobre a diversidade regional, fala sobre o rio e sobre as árvores nativas da região e algumas já extintas. “Na vida tudo fala com a gente, os pássaros, as árvores, as águas e a gente precisa aprender a ouvir”, frase falada por Penha uma senhora ribeirinha que exemplifica a força da mulher nordestina, transmite para filhos e netos supertições e lendas do rio, a exemplo do Bicho D`água, Curupira, algumas entidades míticas que habitam o fundo das águas.

Espelho D`água mostra a diversidade cultural de uma comunidade que apesar de terem uma realidade dura, trás para o seu cotidiano grandes festas populares, romarias, forrós, artesanatos e hábitos já esquecidos como celebração com cabaças iluminadas, e cabaças lançadas ao Rio São Francisco cheias de pedidos com esperança de alcançar alguma graça, com destino à Gruta localizada na cidade de Bom Jesus da Lapa, na Bahia.

O rio que corta o Brasil ainda serviu de cenário para uma história romântica entre o fotografo Henrique e sua namorada, que sai do Rio de Janeiro para encontrá-lo e acaba descobrindo a beleza e a riqueza das cidades ribeirinhas e ainda aprende uma grande lição: “A gente passa e a vida fica. Na vida o mais importante é viver”.

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