terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Relação do filme Divã com outros saberes.

O filme “Divã” trás para as telas do cinema a história (ficção), de Mercedes, uma senhora com 40 anos de idade aproximadamente, 20 anos de casada e mãe de dois filhos que vê a necessidade de procurar um analista quando percebe que a sua relação conjugal está desgastada. Mercedes chega ao consultório, senta-se no Divã, a principio busca o silêncio, como se perguntasse a ela mesma, “o que estou fazendo aqui?”, após algum tempo ela começa a falar e se auto-avaliar à medida que o analista só escuta atentamente aos seus relatos.

O silencio também é uma forma de linguagem, e à medida que o analista silencia-se, ele está atento ao que o analisando está falando. O silencio é importante para a psicanálise, pois, o usuário deverá sentir-se à vontade para falar tudo que lhe vier à cabeça, sem se preocupar com nada. É importante saber que a psicanálise é um saber científico, é um progresso das ciências, mas existem outros saberes também importantes. O jogo de xadrez, por exemplo, é uma forma de linguagem, existem regras que especificam suas propriedades e o uso que delas se pode fazer. Este conjunto de regras determina as propriedades das peças e o modo conveniente de deslocá-las, mas não existe regras relacionadas à criatividade e capacidade entre os jogadores, e muitas vezes os jogadores entram no jogo não somente no intuito de ganhar, mas simplesmente pelo prazer em realizá-lo.

Linguagem e as Novas Tecnologias da Comunicação

A tecnologia no cenário educacional é compreendida mais como um meio de transmissão de conhecimentos do que como um recurso para melhorar e qualificar a prática pedagógica. Mesmo com a implantação de aparelhos tecnológicos nas escolas municipais, muitos docentes não incorporam a idéia de usar estes recursos tecnológicos para aplicar em suas aulas. Muitas vezes acontece do professor continuar dando prioridade a livros didáticos e atividades repetitivas por não saberem manusear estas novas tecnologias e na escola no qual trabalham não ter articuladores capacitados para ajudá-los a inovar sua prática de ensino. O professor acaba por optar pela velha aula tradicional sem inovações, sem internet e seus recursos, sem data-show, entre outros, pois, sentem-se inseguros na incorporação de tais tecnologias.

O uso da internet é um dos conhecimentos que o educador deveria está em verdadeira sintonia, pois, grande parte dos seus alunos faz uso deste meio tecnológico, mas é ignorado por muitas instituições escolares.

A Internet é uma linguagem nova que renova a cada instante, e temos que está preparados para enfrentar a velocidade com que as informações nos chegam. O orkut, por exemplo, é uma ferramenta da internet que tem seu lado positivo, é uma rede social que objetiva criar novas amizades e manter relacionamentos. O orkut é composto por usuários que se cadastram e convidam outros a participares como seus amigos. Através dele é possível se criar comunidades dos mais variados assuntos, postando fotos, comentários, envio de mensagens e diversas formas de comunicação.

É uma ferramenta importante na socialização de pessoas com interesses em comum. Na questão pedagógica, por exemplo, possibilita a criação de comunidades que tragam discussões relacionadas à educação, sendo possível a troca de experiências entre profissionais e estudantes. É uma forma de linguagem que pode ajudar a potencializar o processo ensino e aprendizagem.

Leitura e Linguagens

Décio Pignatari comenta em um de seus livros que a explosão de informações dos tempos atuais vem seguida de uma outra explosão, a da linguagem. A rapidez que nos chega as informações é tão grande, que é necessário a criação sequentemente de novas linguagem: na televisão, no cinema, no transito, na arquitetura, na publicidade, na informática, na literatura, enfim em todos os códigos de linguagem do nosso cotidiano.

Esses novos signos vão surgindo e é fundamental aprender a ler e decifrá-los se quisermos assegurar nossa individualidade, nossa liberdade de escolha num mundo cada vez mais dominado por imposições de valores. Uma simples caminhada por uma rua movimentada de uma cidade grande é suficiente para observarmos a infinidade de informações a serem lidas: Placas publicitárias, roupas, calçados, muros, ou até mesmo a leitura de um antigo prédio, observando atentamente suas linhas, suas cores, a forma e a provável data de sua construção, relacioná-lo com outras construções, supor o motivo pelo qual este foi construído ali, é uma leitura infinitamente rica, pois esta inscrita no nosso cotidiano. A leitura de um prédio é tão importante quanto à leitura de um livro, de um filme, do céu, de um vestido, de uma novela, de um mapa, um traço de dor ou de alegria do rosto de alguém.

É importante saber que enquanto indivíduos inseridos num determinado contexto histórico, entende-se que sua sobrevivência não depende apenas da sua capacidade de leitura de palavras, mas da sua firmeza enquanto leitores de outras linguagens.

Embora tudo possa ser lido, há algumas diferenças, por exemplo, a leitura de um livro requer que o sujeito seja alfabetizado, capaz de identificar signos escritos, de outro lado, as linguagens não verbais, cujo acesso está disponível a todos. E existe um outro terceiro grupo onde palavra e imagem se comunicam, como no cinema e nos outdoors.

Cada leitura pede seu ritual próprio. Ler um romance não é a mesma coisa que ler um poema ou uma noticia de jornal, da mesma forma, não é a mesma coisa assistir a um filme no cinema ou a uma novela na TV. Os rituais de leitura nos mostram que cada texto, palavra ou imagem, é um recorte no plano mais amplo da linguagem, e pede uma leitura especifica.

Concepções de Linguagem

A linguagem é uma atividade que já nasce com o sujeito, mas de maneira geral todos começam a falar ou a escreverem e não indagam a cerca do que a linguagem significa. É fundamental fazer algumas considerações relativas aos termos que são utilizados e que contribuem para a formação do sujeito. Ao utilizarmos a palavra linguagem é importante lembrar que estamos nos referindo às diversas modalidades, ou seja, à linguagem falada, à escrita, e à corporal.

A aquisição da linguagem e do conhecimento são processos que caminham juntos, e nessas abordagens identificamos três perspectivas predominantes em relação à concepção de linguagem: Comunicação, representação e a pratica social.

Conceber a linguagem como comunicação significa estar de acordo de que ela exista para que as pessoas possam transmitir seus sentimentos, pensamentos e conhecimentos, ou seja, de que ela seja um instrumento de comunicação.

Pensar a linguagem como representação significa acreditar que ela tem a função de representar, de dar forma a conceitos e significados que tem uma existência prévia no pensamento dos indivíduos. Pensando assim as linguagens oral e escrita são veículos de conteúdos e significados que se encontram num nível mais primário e interno dos sujeitos.

A linguagem enquanto pratica social oferece elementos para compreender que apesar de a comunicação e representação constituírem-se como funções da linguagem, elas não definem a sua natureza. Podemos representar ou comunicar a partir da linguagem, porém é um fenômeno que extrapola tais funções. É uma atividade constitutiva dos sujeitos, das relações sociais e das formas de organização da sociedade.

Para que haja de fato comunicação e compreensão é necessário que a linguagem esteja presente na sociedade, seja ela oral, escrita, visual ou corporal...

Filme: Espelho D`água

Espelho D`água é uma viagem ao Rio São Francisco, rio este que atravessa cinco estados brasileiro, é riquíssimo na sua cultura e proporciona uma reflexão sobre a realidade de lavadeiras, barqueiros, pescadores, defensores da natureza e de outros grupos que vivem nas cidades ribeirinhas.

O fotografo Henrique apresenta uma forma de linguagem que é a fotografia para perpassar ao mundo toda a beleza e a cultura da cidade, porém, Candelário escolhe uma outra forma de linguagem que é a falada para tentar sensibilizar a comunidade em relação ao desgaste que o espelho d`água (rio), vem sofrendo com o passar dos anos. Em sua militância ele procura mostrar à população que este santuário cultural apesar de carregar na sua história uma imensa riqueza, está desaparecendo. Não é de se espantar quando Candelário aparece morto, pois é uma das formas de linguagem usada pelos “poderosos”, quando alguém de coragem fala o que não deve acaba incomodando os donos do poder e este é covardemente assassinado.

O filme é riquíssimo, trás diversos aspectos para serem analisados e trás também vários tipos de linguagem. Abel faz a representação de um homem que conversa com Sindó, companheira inseparável, uma canoa que lhe foi presenteada ainda na infância e que por sua vez também fez uma reflexão sobre a diversidade regional, fala sobre o rio e sobre as árvores nativas da região e algumas já extintas. “Na vida tudo fala com a gente, os pássaros, as árvores, as águas e a gente precisa aprender a ouvir”, frase falada por Penha uma senhora ribeirinha que exemplifica a força da mulher nordestina, transmite para filhos e netos supertições e lendas do rio, a exemplo do Bicho D`água, Curupira, algumas entidades míticas que habitam o fundo das águas.

Espelho D`água mostra a diversidade cultural de uma comunidade que apesar de terem uma realidade dura, trás para o seu cotidiano grandes festas populares, romarias, forrós, artesanatos e hábitos já esquecidos como celebração com cabaças iluminadas, e cabaças lançadas ao Rio São Francisco cheias de pedidos com esperança de alcançar alguma graça, com destino à Gruta localizada na cidade de Bom Jesus da Lapa, na Bahia.

O rio que corta o Brasil ainda serviu de cenário para uma história romântica entre o fotografo Henrique e sua namorada, que sai do Rio de Janeiro para encontrá-lo e acaba descobrindo a beleza e a riqueza das cidades ribeirinhas e ainda aprende uma grande lição: “A gente passa e a vida fica. Na vida o mais importante é viver”.

Do Brasil

Falar do Brasil sem ouvir o sertão
É como estar cego em pleno clarão
Olhar o Brasil e não ver o sertão
É como negar o queijo com a faca na mão

Esse gigante em movimento
Movido
a tijolo e cimento
Precisa de arroz com feijão
Que tenha comida na mesa
Que agradeça sempre a grandeza
De cada pedaço de pão

Agradeça a Clemente
Que leva a semente
Em seu embornal
Zezé e o penoso balé
De pisar no cacau
Maria que amanhece o dia
Lá no milharal
Joana que ama na cama do canavial
João que carrega
A esperança em seu caminhão
Pra capital

Lembrar do Brasil sem pensar no sertão
É como negar o alicerce de uma construção
Amar o Brasil sem louvar o sertão
É dar o tiro no escuro
Errar no futuro
Da nossa nação.

Esse gigante em movimento
Movido
a tijolo e cimento
Precisa de arroz com feijão
Que tenha comida na mesa
Que agradeça sempre a grandeza
De cada pedaço de pão

Agradeça a Tião
Que conduz a boiada do pasto ao brotão
Quitéria que colhe miséria
Quando não chove no chão
Pereira que grita na feira
O valor do pregão

Zé coco, viola, rabeca, folia e canção
Zé coco, viola, rabeca, folia e canção

Amar o Brasil é fazer
Do sertão a capital...

Quem sou eu?

Eu, Núbia de Cássia Batista Rocha dos Santos, nasci em de São Gabriel, Bahia em 25 de junho de 1972. Lembrar-me do passado, em especial da minha vida, é algo que me traz muita alegria e saudades. Alegria, por estar junto com minha família que é parte fundamental da minha existência e que teve uma contribuição muito grande na minha formação como ser humano. Foi quem me proporcionou os primeiros contatos com a linguagem, ensinando-me as primeiras palavras, os primeiros gestos, os primeiros passos, os primeiros traços da escrita, enfim, foi na família que encontrei a base fundamental para chegar a onde estou hoje. E saudades por lembrar-me da infância bem vivida, tive momentos riquíssimos quanto à linguagem que toda criança conhece que é “o brincar”, pude viver intensamente essa fase, brincando de salve-latinha, bandeirinha, amarelinha, cantigas-de-roda, esconde-esconde, jiribita, baleada, bila, bandeirinha, cobra-cega, pular-corda, era uma infinidade de brincadeiras que marcou positivamente minha infância e que contribuiu para minha formação como ser humano.

Quando comecei a vida estudantil não foi nada fácil, pois a professora Jandira era linha dura, e a única coisa que conseguiu fazer com os seus métodos de ensino foi fazer com que todos os alunos sentissem medo dela, pois sua linguagem verbal e gestual era assustadora. Ela era muito grossa e colocava os alunos no castigo por qualquer coisa, e ainda batia em alguns com a palmatória (instrumento feito de madeira), isto acontecia quando alguém não conseguia fazer determinada atividade. Na escola não tinha cadeiras para os alunos, os mesmos tinham que levar um tamborete de casa para sentarem e todos escreviam com o caderno sobre as pernas, pois também não havia mesas. Muitos alunos sentavam no chão, pois os mesmos não tinham cadeiras nem tamborete para levar à escola, a mesa da professora era um balcão velho, caindo aos pedaços. Pela estrutura do ambiente, parece que ali funcionava antes da escola uma espécie de “venda” (local onde vendia de tudo).

Nos anos seguintes fui superando aos poucos o trauma vivido na primeira experiência escolar, tive professores que não deixaram saudades, mas tive também professores maravilhosos que usavam varias formas de linguagens para ministrar suas aulas, em especial a professora Belinha que deixou em mim marcas de encantamento, por sua maneira extrovertida e “mágica” de ensinar, pois ela tinha grande facilidade em fazer seus alunos aprender, e tudo na sala de aula era motivo de muita alegria.

A música nesta época foi muito presente, tínhamos pequenas melodias para tudo: ao chegarmos à escola, havia a música de entrada, outra na hora da merenda, outra para lavar as mãos, música para saudar um visitante, agradecer a visita, música que homenageavam as crianças, música para aprender a tabuada, outra que finalizava as tarefas do dia...

Estas músicas tiveram uma importância muito grande, quando fizeram parte do meu cotidiano nas primeiras séries do ensino fundamental, a professora procurava anexar ao currículo escolar músicas folclóricas, de domínio popular e datas comemorativas, isto com o objetivo de motivar a aula, estimular a imaginação e a fantasia e socializar os alunos. Acredito que a música seja uma ferramenta usada como ponto positivo nas escolas, pois poderá propiciar o enriquecimento e ampliação do conhecimento em diversos aspectos.

O professor Eliziário, foi magnífico na disciplina de educação artística, pois ele não tinha formação acadêmica para a área e sabia desenhar e pintar divinamente, e através desta linguagem ele se comunicava muito bem, pois ele reproduzia nas telas belíssimas paisagens relacionadas à natureza.

A linguagem está presente em minha vida muito antes do meu nascimento, pois segundo relatos da minha mãe, ainda em seu ventre ela cantava para mim e havia uma verdadeira troca de sentimentos. Ao nascer fui descobrindo o barulho externo, a voz da minha mãe, do meu pai, as músicas de ninar, tudo era uma forma de comunicar-se comigo, e esta comunicação, esta linguagem foi construindo a minha identidade.